Consulta nº 21 DE 14/06/2018
Norma Estadual - Tocantins - Publicado no DOE em 14 jun 2018
Solicita esclarecimento da forma de cálculo do imposto ICMS NORMAL para empresa que possui o TARE preconizado pela Lei 1.210/00, uma vez que entende que se a empresa apura seu ICMS NORMAL pelo sistema de débito e crédito, poderá não haver incidência do imposto, quando o crédito das mercadorias importadas após a apropriação do crédito seja o mesmo valor que o débito apurado. Também indaga se há incidência da partilha do ICMS DIFAL para o estado de origem e de destino para empresas que possuem o TARE.
A Consulente, devidamente qualificada nos autos e estabelecida em Palmas-TO, tem como atividade principal o comércio atacadista de aparelhos eletrônicos de uso pessoal e domésticos – CNAE 4649-4/02.
Solicita esclarecimento da forma de cálculo do imposto ICMS NORMAL para empresa que possui o TARE preconizado pela Lei 1.210/00, uma vez que entende que se a empresa apura seu ICMS NORMAL pelo sistema de débito e crédito, poderá não haver incidência do imposto, quando o crédito das mercadorias importadas após a apropriação do crédito seja o mesmo valor que o débito apurado.
Também indaga se há incidência da partilha do ICMS DIFAL para o estado de origem e de destino para empresas que possuem o TARE.
Anexa uma Planilha (fls. 04) de demonstrativo de cálculo.
RESPOSTAS:
A matéria analisada encontra-se nos dispositivos legais, ora colacionados, todos da Lei nº 1.201, d 29 de dezembro de 2000:
*Art. 1º. É facultado ao contribuinte com atividade econômica no comércio atacadista:
*I - apropriar-se de crédito fiscal presumido de 80% sobre o valor apurado do ICMS; *Inciso I com redação determinada pela Lei nº 3.345, de 29/12/2017. Produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2018.
*II – redução da base de cálculo nas operações de importação de mercadorias do exterior, de forma que a carga tributária do ICMS resulte da aplicação de:
*a) 1% para revenda;
*b) 2% por conta e ordem de terceiros.
*Inciso II e alíneas com redação determinada pela Lei nº 2.712, de 9/05/2013, incluindo as alíneas “a” e “b”.
*§7º A apropriação de crédito referente à entrada de mercadoria importada do exterior é limitada ao valor do imposto recolhido nos termos do inciso II deste artigo.
*§8º O recebimento dos incentivos de que trata esta Lei sujeita o contribuinte:
I - à apuração do ICMS pelo sistema normal de débito e crédito;
II - ao recolhimento do ICMS apurado;
III - ao cumprimento das obrigações acessórias.
A Consulente interpretou a legislação tributária de forma equivocada, de acordo com a Planilha acostada de fls. 04.
Inicialmente, deve-se reduzir a Base de Cálculo nas operações de importação de mercadorias importadas do exterior (e não o valor de venda).
Assim, temos:
Vl. da mercadoria importada do exterior: R$ 210.054,73
Alíquota de importação: 18%
Efetuando-se uma regra de três:
210.054,73 - 18% x= 11.669,7072
X 1%
11.669,7072 x 18% = 2.100,5473 {=} crédito pela entrada
Nas saídas:
B.C = 543.472,00
ICMS = 543.472,00 x 12% (op. Interestadual) = 65.216,64
(menos o ICMS créd) = 11.669,71
(valor do ICMS apurado) = 53.546,93
Apropriando-se de crédito fiscal presumido de 80% sobre o valor apurado do ICMS:
53.546,93 x 20% = 10.709,38 => valor de ICMS a recolher
2 - Assim dispõe o art. 155, VII e VIII, da CF/88:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) (Produção de efeito)
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII será atribuída: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) (Produção de efeito)
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)
Por sua vez, o CONVÊNIO ICMS 93, DE 17 DE SETEMBRO DE 2015, dispôs sobre os procedimentos a serem observados nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte do ICMS, localizado em outra unidade federada.
Assim prescrevem os incisos I, “a” e II, “a”, de sua Cláusula décima:
Cláusula décima Nos exercícios de 2016, 2017 e 2018, no caso de operações e prestações que destinem bens ou serviços a consumidor final não contribuinte localizado em outra unidade federada, o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual deve ser partilhado entre as unidades federadas de origem e de destino, cabendo à unidade federada:
I - de destino:
a) no ano de 2016: 40% (quarenta por cento) do montante apurado;
b) no ano de 2017: 60% (sessenta por cento) do montante apurado;
c) no ano de 2018: 80% (oitenta por cento) do montante apurado;
II - de origem:
a) no ano de 2016: 60% (sessenta por cento) do montante apurado;
b) no ano de 2017: 40% (quarenta por cento) do montante apurado;
c) no ano de 2018: 20% (vinte por cento) do montante apurado.
O Estado do Tocantins aderiu ao Convênio ICMS retro e internalizou a legislação supra, através da Lei nº 1.287/01 e Decreto nº 5.362/2015.
Entretanto, a Consulente já era beneficiária da Lei nº 1.201/2000, que concede benefícios fiscais ao atacadista.
De outra banda, o art. 2º, V, da Lei nº 1.201/2000, prescreve as exceções à possibilidade de obtenção de benefícios fiscais.
Eis o seu teor:
Art. 2o O benefício fiscal previsto nesta Lei:
(...)
V - aplica-se às saídas de mercadorias para consumidor final, pessoa jurídica;
Haja vista que o benefício fiscal da Lei nº 1.201/2000 não foi revogada, a Consulente, ao dar saídas interestaduais de mercadorias a consumidor final pessoa jurídica, não contribuinte do ICMS, continuará tendo o benefício do crédito presumido, de tal forma que a sua carga tributária efetiva seja de 1%, não devendo, pois, recolher a partilha incumbente ao Estado do Tocantins, desde que, obviamente, os produtos não sejam sujeitos à substituição tributária, nos termos da Lei nº 1.201/2000.
Entretanto, a partilha do ICMS DIFAL ao Estado destinatário é obrigatória, por determinação constitucional.
À Consideração superior.
DTRI/DGT/SEFAZ - Palmas/TO, 14 dias de junho de 2018.
Rúbio Moreira
AFRE IV – Mat. 695807-9
De acordo.
José Wagner Pio de Santana
Diretor de Tributação