Decreto-Lei nº 9.085 de 25/03/1946
Norma Federal - Publicado no DO em 27 mar 1946
Dispõe sobre o registro civil das pessoas jurídicas
Art. 1º. No registro civil das pessoas jurídicas serão inscritos:
I - os contratos, os atos constitutivos, os estatutos ou compromissos, das sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, e os das associações de utilidade pública e das fundações;
II - as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis comerciais.
Art. 2º. Não poderão ser registrados os atos constitutivos de pessoas jurídicas, quando seu objeto ou circunstância relevante indique destino ou atividade ilícitos ou contrários, nocivos ou perigosos ao bem público, à segurança do Estado e da coletividade, à ordem pública o social, à moral e aos bons costumes (Constituição, artigo 122, IX).
Art. 3º. Ocorrendo qualquer dos motivos previstos no artigo anterior, o oficial do registro, ex officio, ou por provocação de qualquer autoridade, sobrestará no processo de inscrição e suscitará dúvida, na forma dos artigos 215 a 219 do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, no que forem aplicáveis, competindo ao juiz, sob cuja jurisdição estiver o oficial, decidir a dúvida, concedendo ou negando o registro.
Art. 4º. Também não poderão ser registrados os atos constitutivos de sociedades ou associações que, antes do pedido de inscrição ou concomitantemente com este, tenham exercido atividades ou praticado atos contrários, nocivos ou perigosos ao bem público, à segurança do Estado ou da coletividade, à ordem pública ou social, à moral e aos bons costumes.
No caso deste artigo, o oficial ex officio, ou por provocação de qualquer autoridade, deverá sobrestar no registro, observando o disposto no artigo 3º.
Art. 5º. A concessão do registro não obsta a propositura de ação de dissolução, fundada nos fatos referidos nos artigos 2º e 4º, ou o procedimento referido no artigo seguinte.
Art. 6º. As sociedades ou associações que houverem adquirido personalidade jurídica, mediante falsa declaração de seus fins, ou que, depois de registradas, passarem a exercer atividades das previstas no artigo 2º, serão suspensas pelo Governo, por prazo não excedente de seis meses.
§ 1º. No caso deste artigo, os representantes judiciais da União deverão propor, no juízo competente para as causas em que esta for parte, a ação judicial de dissolução (Lei nº 4.269, de 17.01.1921, artigo 12; Lei nº 38, de 04.04.1935, artigo 29; Cód. Proc. Civ., artigo 670).
§ 2º. Quando for decretada por exercer a pessoa jurídica atividade contrária à ordem pública ou à segurança nacional e a ação se propuser no prazo fixado neste artigo, a suspensão do funcionamento perdurará até que a sentença transite em julgado.
Art. 7º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 25 de março de 1946, 125º da Independência e 58º da República
EURICO G. DUTRA