Portaria SESAB nº 1.681 de 03/12/2010

Norma Estadual - Bahia - Publicado no DOE em 03 dez 2010

Institui o Protocolo de Regulação Materno Infantil no âmbito do Estado da Bahia.

O Secretário da Saúde do Estado da Bahia, no uso de suas atribuições:

A necessidade de estabelecer Protocolos de Regulação do Acesso para atendimento, a gestante e ao neonato;

A necessidade de otimizar a utilização dos leitos de obstétricos clínicos e cirúrgicos, de forma organizada, hierarquizada, criteriosa e transparente;

A necessidade de otimizar a utilização dos leitos das unidades de referencia secundária e terciária a gestante de alto risco de forma criteriosa;

A necessidade otimizar a utilização dos berçários de baixo e alto risco, bem como as Unidades de Terapias Intensivas Neonatal de forma criteriosa;

Resolve:

Art. 1º Instituir o Protocolo de Regulação Materno Infantil no âmbito do Estado da Bahia.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Jorge Jose Santos Pereira Solla

Secretário Estadual da Saúde

Introdução

O Brasil é signatário dos objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que estabelece, dentre outras metas, a redução da mortalidade infantil e materna.

Em 2006, com o lançamento do Pacto pela Saúde, a melhoria da saúde materna e a redução da mortalidade infantil foram reafirmadas como ações prioritárias no Pacto pela Vida, implicando na obrigatoriedade da inclusão dessas ações nos Planos Estaduais e Municipais de Saúde, por meio da formalização do compromisso dos gestores com o alcance de metas pactuadas de modo tripartite nos Termos de Compromisso de Gestão assinados por estados e municípios.

O Protocolo proposto subsidiará os trabalhadores da área de saúde no âmbito do estado da Bahia, identificar o nível de complexidade para acompanhamento à gestante e ao neonato na rede de serviços de forma qualificada.

Gravidez de Alto Risco

Gravidez de Alto risco "aquela na qual a vida ou saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido, têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada" (Caldeyro-Barcia, 1973).

Os fatores mais comuns geradores de risco na gravidez devem ser identificados na consulta de pré-natal e podem ser agrupados em quatro grandes grupos:

1. Características individuais e condições sócio-demográficas desfavoráveis

Idade menor que 17 e maior que 35 anos

Ocupação: exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos e pacientes submetidas à situação contínua de stress.

Baixa escolaridade

Condições ambientais desfavoráveis

Altura menor que 1,45 m

Peso menor que 45 kg e maior que 75 kg

Dependência de drogas lícitas ou ilícitas

2. História reprodutiva anterior

Morte perinatal explicada e inexplicada

Recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou malformado

Abortamento habitual

Esterilidade/infertilidade

Intervalo interpartal menor que 2 anos ou maior que 5 anos

Nuliparidade e Multiparidade

Síndrome hemorrágica ou hipertensiva

Cirurgia uterina anterior

3. Doença obstétrica na gravidez atual

Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico

Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada

Ganho ponderal inadequado

Pré-eclâmpsia e eclâmpsia

Diabetes gestacional

Amniorrexe prematura (se com IG superior a 34 semanas, pode ir para qualquer unidade de media complexidade)

Hemorragias da gestação

Aloimunização

Óbito fetal (desde que não tenha nenhuma complicação a mãe, pode ir para qualquer unidade de baixo risco)

AIDS

4. Intercorrências clínicas

Hipertensão arterial

Cardiopatias

Pneumopatias

Nefropatias

Endrocrinopatias

Hemopatias

Epilepsia

Doenças infecciosas

Doenças autoimunes

Ginecopatias

Critérios Clínicos de Risco em Atendimento a Gestante e ao Neonato

Nível de Complexidade
Primária - Baixa
População Alvo
Gestantes
Parturientes normais
Recém nascidos normais
Funções
Captação precoce de gestantes
Educação para a saúde
Identificação de risco
Controle pré-natal
Assistência ao parto normal
Seguimento da contra referência
Pesquisa da Morbidade
Tratamento de patologias de alta incidência
Estruturas Funcionais
Unidade de Saúde da Família
Posto de Saúde
Centro de Saúde
Casas de Parto
Unidades Mistas
Hospitais com leito Obstétrico Clínico e Cirúrgico
Maternidades
Critérios de Obstetrícia
Gestação>/= 37 semanas sem risco
Abortamento incompleto
Critério Neonatal
Gestantes de baixo risco
Gestação> 37 semanas sem intercorrências
Peso estimado.>/= 2.000 g

A captação da gestante deve ser feita pela equipe de Saúde da Família preferencialmente antes de completar os três meses de gestação, incluindo no Programa de Humanização Parto Normal - PHPN.

Exames imprescindíveis a ser solicitado durante o acompanhamento do Pré Natal.

ABO
Fator RH
Sumário de Urina
Glicemias
VDR L
Hematócrito
Hemoglobina
Sorologia para toxoplasmose (IGM
HBsAg
Anti-HIV1
Anti-HIV2
Ultrasson obstétrico

Observação

Em caso de gestante de alto risco, deverá ser solicitado Teste de tolerância à glicose.

O Parto Normal deve ser realizado em todos os municípios que possuem leitos de obstetrícia clínica.

Critérios Clínicos de Risco em Atendimento a Gestante e ao Neonato

Nível de Complexidade
Secundária - Média
População Alvo
Gestantes de Médio Risco Obstétrico
Gestantes com patologias leves
Parturientes referenciadas ou não
Recém Nascido com patologias leves ou contra-referenciadas
Funções
Controle dos fatores de risco persistentes
Tratamento ambulatorial ou hospitalar de intercorrências
Estrutura Funcionais
Policlínica com gineco-obstetras
Maternidades
Hospitais com unidade Gineco-Obstetrícia
Unidade hospitalar atendimento secundária gestante de alto risco
Critério Obstetrícia
Gestação>34 semanas
Doença Hipertensiva Específica da Gravidez Moderada (DHEG)
Síndrome hemorrágica não complicada
Abortamento infectado (sem sepse)
Critério Neonatal
Gestante de médio risco
Gestação> 34 semanas
Peso fetal estimado> 1.200g
Incompatibilidade ABO e/ou RH
Rotura prematura de membranas

Critérios Clínicos de Risco em Atendimento a Gestante e ao Neonato

Nível de Complexidade
Terciária - Alta
População Alvo
Gestantes com patologia grave
História obstétrica de gestação de risco ou que tenham tido filhos com patologias congênitas, cardíacas ou com prematuridade extrema
Recém Nascido com patologia grave
Funções
Controle dos fatores de risco persistentes
Tratamento ambulatorial ou hospitalar de intercorrências
Hospitalizar em unidade de Ginecologia e Obstetrícia
Unidade de Neotalogia para assistência especial a gestante, parturiente e recém-nascido
Estruturas Funcionais
Unidade hospitalar atendimento terciário gestante de alto risco
Maternidade com Unidade Terapia Intensiva e UTI Neonatal
Hospitais gerais
Critérios de Obstetrícia
Gestação < 34 semanas
Doença Hipertensiva Específica da Gravidez Grave/HELLP
Falcemia
Sepsemia
Cardiopatia Materna
Colagenose materna
Pneumopatia crônica materna
Gestantes com AIDS
PP oclusiva total
Descolamento Prévio da Placenta - DPP
Coagulopatias
Nefropatia (IRC)
Abortamento Infectado (com sepsemia)
Critério Neonatal
Gestante de Alto Risco
Feto < 34 semanas
Mal formação fetal
Cardiopatia Congênita
Sofrimento Fetal
Malformação do Sistema Nervoso Central

ANEXO I - QUADRO RESUMIDO - CRITÉRIOS CLÍNICOS DE RISCO EM ATENDIMENTO A GESTANTE E AO NEONATO

Malina's Score

O Score de Malinas foi criado por Yves Malinas (falecido em 20 de janeiro 1997) sendo utilizado para avaliação de dados para determinar se a gestante está preste a dar à luz.

É com base em cinco critérios: número de gestações anteriores, duração do trabalho, duração das contrações, o intervalo entre as contrações e perda de água ou não.

Cada critério é avaliado por um número que varia de zero a dois:

Escore
Nº de gestações
Duração do Trabalho de Parto
Duração das Contrações
Intervalo entre 2 Contrações
Perda de Líquido
0
1
< 3h
5 min
Não
1
2
Entre 3h e 5h
1 min
Entre 3 e 5 min
< 1h
2
>3
>6h
> 1 min
< 3 min ou 2 em
5 min
> 1h

Avaliação

Score 7: Unidade de Suporte Avançada - USA

A Unidade de Suporte Avançada deve ser solicitada quando houver risco de parto iminente, trabalho de parto prematuro avançado, perdas sanguíneas acentuadas, (risco de choque hipovolêmico) Eclâmpsia e Pré-Eclâmpsia (sinais premonitórios) Deslocamento Prévio da Placenta.

Observação

O Deslocamento Prévio da Placenta é uma emergência e deve ser realizado o parto imediatamente que o diagnóstico seja feito por risco de morte materno e fetal.

Malina's Score (Modificado)

O Malina's Score foi modificado pelo Grupo de Trabalho representado por técnicos da Diretoria da Regulação, da Atenção Especializada, da Rede Própria e maternidades.

Se um toque vaginal é realizado no local, esta tabela permite avaliar o tempo para parto com mais confiança.

Dilatação
1 Parto
2 Parto
Multípara
5 cm
4 horas
3 horas
1 hora e 30 min
7 cm
2 horas
1 hora
30 min
9 cm
1 hora
30 min
A qualquer momento
Completa
Parto
Parto
Parto

Tempo < 1 hora: parto no local

Tempo>1 hora: transporte em decúbito lateral esquerdo; Sat 02; SG 10%

Quando identificado à necessidade de encaminhamento a Unidades de Referencia Secundária ou Terciária de Alto Risco, a solicitação deverá ser feita a Central de Regulação do Município executante, utilizando Relatório Médico conforme Anexo II e III, indicando inclusive o tipo de transporte para transferência.

Referencia Hospitalar em Atendimento Secundário à Gestação de Alto Risco habilitados através do Ministério da Saúde.

Macrorregião
Município
Leitos UTI/Intermediária
Gestante
Neonatal
Intermediaria Neonatal
Centro Leste
Feira de Santana
X
X
 
Leste
Salvador
X
X
X
Oeste
Barreiras
 
 
X
Sudoeste
Guanambi
X
X
 
 
Vitória da Conquista
 
X
X

Fonte: CENES/DATASUS 08.04.2010

Referencia Hospitalar em Atendimento Terciário à Gestação de Alto Risco habilitados através do Ministério da Saúde

Macrorregião
Município
Leitos UTI/Intermediária
Gestante
Neonatal
Intermediaria Neonatal
Leste
Salvador
X
X
X
Sul
Itabuna
X
X
X

Fonte: CENES/DATASUS 08.04.2010

Cobertura em Unidade de Terapia Intensiva por Macrorregião - UTI Adulto

Macrorregião
Município
Centro Leste
Feira de Santana
Centro Norte
Irecê
Extremo Sul
Porto Seguro e Teixeira de Freitas
Leste
Camaçari, Salvador, São Felix, Cruz das Almas, Santo Antonio de Jesus
Nordeste
Alagoinhas e Ribeira do Pombal
Norte
Juazeiro
Sudoeste
Guanambi e Vitória da Conquista
Sul
Ilhéus, Itabuna e Jequié
Oeste
Barreiras

Fonte: CNES DATASUS/abril 10

Cobertura em Unidade de Terapia Intensiva por Macrorregião - UTI Neonatal

Macrorregião
Município
Centro Leste
Feira de Santana
Centro Norte
Irecê
Extremo Sul
Porto Seguro e Teixeira de Freitas
Leste
Camaçari, Salvador, São Felix, Cruz das Almas
Sudoeste
Guanambi e Vitória da Conquista
Sul
Ilhéus, Itabuna e Jequié
Oeste
Barreiras

Fonte: CNES DATASUS/abril 10

Cobertura em Unidade Intermediária Neonatal por Macrorregião

Macrorregião
Município
Centro Leste
Feira de Santana
Centro Norte
Irecê
Extremo Sul
Porto Seguro, Teixeira de Freitas
Leste
Camaçari, Salvador, Pojuca, Santo Antônio de Jesus
Nordeste
Alagoinhas e Ribeira do Pombal
Sudoeste
Vitória da Conquista
Sul
Itabuna
Oeste
Barreiras

Fonte: CNES DATASUS/abril 10

Identificação do tipo de leito necessário para internação do neonato

a) Unidade de Cuidados Intermediários

Prematuridade (Quando IG < 36 semanas e PN < 2.000g) - primeiras 24 a 48h - mínimo.

Baixo peso ao nascer (Quando PN < 2000g) - primeiras 24 a 48h - mínimo.

Asfixia Perinatal (Apgar de 5º min < 6) - primeiras 24 a 48h - mínimo

Filho de mãe diabética - primeiras 24h - mínimo

Desconforto respiratório leve - até a retirada do oxigênio

Malformação congênita - até estabilidade clínica

Distúrbio hidroeletrolítico - até estabilização

Infecção perinatal provável ou clínica

Nutrição parenteral em transição

Tranferências da UTIN, RN de mãe com varicela (isolar incubadora)

RN de mãe com colagenose, púrpura e/ou patologia em uso de corticoterapia

Necessidade de hidratação venosa-¦ RN sem controle térmico

Fototerapia com níveis de bilirrubinas próximos aos níveis de exsanguineotransfusão

Necessidade de realização exsanguineo transfusão - Submetido à cirurgia de médio porte, estável

Infecção

Alimentação por sonda

b) Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Peso de Nascimento (PN) < 1500g ou Idade Gestacional (IG) < 34 semanas

Desconforto respiratório com indicação de CPAP ou Ventilação Mecânica

Anóxia grave (Apgar 6 de Portman

Hidropsia Fetal

Sepse

Nutrição Parenteral

Risco ou ocorrência de apnéia

Exsanguineotransfusão

Distúrbios cardiovasculares: insuficiência cardíaca, arritmias, choque, etc.

Enterocolite necrosante

Instabilidade de parâmetros vitais por causas diversas: insuficiência renal e supra-renal, hemorragia cerebral, coma, convulsão, anomalias congênitas, Cardiopatias congênitas etcdescompensadas

Desequilíbrio ácido-básico e metabólico

Pré e pós-operatório neonatal.

ANEXO S ANEXO I

Critérios Clínicos em Atendimento a Gestante e ao Neonato

Critérios
Nível de Complexidade
Baixa - Primária
Média - Secundária
Alta - Terciária
 
População Alvo
Gestantes
Parturientes normais
Recém nascidos normais
Gestantes de Médio Risco Obstétrico
Gestantes com patologias leves
Parturientes referenciadas ou não
Recém Nascido com patologias leves ou contra - referenciadas
Gestantes com patologia grave
História obstétrica de gestação de risco ou que tenham tido filhos com patologias congênitas, cardíacas ou com prematuridade extrema
Recém Nascido com patologia grave
Funções
Captação precoce de gestantes
Educação para a saúde
Identificação de risco
Controle pré-natal
Assistência ao parto normal
Seguimento da contra referência
Pesquisa da Morbidade
Tratamento de patologias de alta incidência
Controle dos fatores de risco persistentes
Tratamento ambulatorial ou hospitalar de intercorrências
Controle dos fatores de risco persistentes
Tratamento ambulatorial ou hospitalar de intercorrências
Hospitalizar em unidade de Ginecologia e Obstetrícia
Unidade de Neotalogia para assistência especial a gestante, parturiente e recém-nascido
Estruturas Funcionais
Unidade de Saúde da Família
Posto de Saúde
Centro de Saúde
Casas de Parto
Unidades Mistas
Hospital
Policlínica com gineco-obstetras
Maternidades
Hospitais com unidade
Gineco-Obstetrícia
Unidade hospitalar atendimento secundária gestante de alto risco
Unidade hospitalar atendimento terciário gestante de alto risco
Maternidade com Unidade Terapia Intensiva e UTI Neonatal
Hospitais gerais
Indicação Obstetrícia
Gestação>/= 37 semanas sem risco
Abortamento incompleto
Gestação>34 semanas
Síndrome hemorrágica não complicada
Abortamento infectado (sem sepse)
Gestação < 34 semanas
Doença Hipertensiva Específica da Gravidez Grave/HELLP
Falcemia
Sepsemia
Cardiopatia Materna
Colagenose materna
Pneumopatia crônica materna
Gestantes com AIDS
PP oclusiva total
Descolamento Prévio da Placenta - DPP
Coagulopatias
Nefropatia (IRC)
Abortamento Infectado (com sepsemia)
Indicação Neonatal
Gestantes de baixo risco
Gestação> 37 semanas sem intercorrências
Peso estimado.>/= 2.000 g
Gestante de médio risco
Gestação> 34 semanas
Peso fetal estimado> 1.200g
Incompatibilidade ABO e/ou RH
Rotura prematura de membranas
Gestante de Alto Risco
Feto < 34 semanas
Mal formação fetal
Cardiopatia Congênita
Sofrimento Fetal
Malformação do Sistema Nervoso Central

ANEXO II ANEXO III ANEXO IV ANEXO V

Referências Bibliográficas

-----. Ministério da Saúde. Manual Técnico Gestação de Alto Risco - 3º Edição -----. Ministério da Saúde. Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério - Atenção Qualificada e Humanizada - Série A

-----. Ministério da Saúde. Manual de Assistência ao Recém Nascido - 1994

-----. SESAB. Grupo de Trabalho das Maternidades.

-----. Ministério da Saúde. Cartilha Política Nacional de Humanização. Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco. Brasília. 2004.

-----. Fortaleza. Secretaria Municipal de Fortaleza. Diretrizes para Admissão, Alta e Triagem em Terapia Intensiva.

-----. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 3.477/1998