Resolução BACEN nº 2.995 de 03/07/2002
Norma Federal - Publicado no DO em 04 jul 2002
Dispõe sobre concessão de Empréstimo do Governo Federal (EGF).
Notas:
1) Revogada pela Resolução BACEN nº 3.208, de 24.06.2004, DOU 28.06.2004, com efeitos a partir de 01.07.2004.
2) Assim dispunha a Resolução revogada:
"O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão extraordinária realizada em 3 de julho de 2002, tendo em vista as disposições dos arts. 4º, inciso VI, da referida Lei, e 4º e 14 da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965, resolveu:
Art. 1º Estabelecer que os Empréstimos do Governo Federal (EGF), relativos a produtos e a sementes da safra de verão 2002/2003 e safra Norte/Nordeste 2003, ficam sujeitos aos seguintes prazos/vencimentos, segundo o produto e a respectiva área de abrangência:
I - produtos:
Produtos | Áreas de abrangência | Prazo do EGF (dias) | Vencimento máximo do EGF |
Algodão em caroço | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 90 (1) | 31.1.2004 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 90 (1) | 31.5.2004 | |
Sul, Sudeste (exceto MG) e Bahia-Sul | 240 | 31.1.2004 | |
Algodão em pluma | Centro Oeste e MG | 240 | 31.3.2004 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 240 | 31.5.2004 | |
Sul, Sudeste (exceto MG) e Bahia-Sul | 240 | 31.1.2004 | |
Caroço de algodão | Centro-Oeste e MG | 240 | 31.3.2004 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 240 | 31.5.2004 | |
Alho | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste | 180 | 31.10.2003 |
Arroz | Todo o território nacional | 180 | 31.1.2004 |
Castanha de caju | Norte e Nordeste | 240 | 31.7.2003 |
Castanha-do-pará | Norte | 180 | 31.5.2004 |
Cera de carnaúba e pó cerífero | Nordeste | 240 | 31.7.2003 |
Farinha de mandioca | Sul, Sudeste e Centro-Oeste | 180 | 31.1.2004 |
Norte e Nordeste | 180 | 31.7.2004 | |
Fécula de mandioca | Sul, Sudeste e Centro-Oeste | 180 | 31.1.2004 |
Feijão anão | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 90 | 31.10.2003 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 90 | 31.3.2004 | |
Feijão macaçar | Norte e Nordeste | 90 | 31.3.2004 |
Goma/polvilho | Norte e Nordeste | 180 | 31.7.2004 |
Guaraná | Norte, Nordeste e Centro-Oeste | 180 | 31.1.2004 |
Milho | Sul, Sudeste, DF, GO, MS, MT, TO, AC, RO, BA-Sul, Sul do MA e Sul do PI | 180 | 31.1.2004 |
NE (exceto BA-Sul, Sul do MA e Sul do PI), AM, RR, PA e AP | 180 | 31.5.2004 | |
Milho pipoca | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e BA-Sul | 180 | 31.1.2004 |
Sisal | BA, PB e RN | 180 | 31.1.2004 |
Soja | Todo o território nacional | 180 | 31.1.2004 |
Sorgo | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 180 | 31.1.2004 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 180 | 31.5.2004 |
(1) Podendo ser prorrogado por mais 150 dias, desde que haja a substituição por algodão em pluma.
II - sementes:
Produtos | Áreas de Abrangência | Vencimento máximo do EGF |
Algodão | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 31.1.2004 (1) |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 31.5.2004 (2) | |
Arroz | Todo o território nacional | 31.1.2004 (1) |
Feijão | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 31.1.2004 |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 31.5.2004 | |
Milho | Sul, Sudeste, Centro-Oeste, TO, AC, RO, Bahia-Sul, Sul do MA e Sul do PI | 31.1.2004 (1) |
Norte (exceto AC, RO, e TO) e Nordeste (exceto BA-Sul, Sul do MA e Sul do PI) | 31.5.2004 (2) | |
Soja | Todo o território nacional | 31.1.2004 (1) |
Sorgo | Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia-Sul | 31.1.2004 (1) |
Norte e Nordeste (exceto BA-Sul) | 31.5.2004 (2) |
(1) O vencimento pode ser alongado até 31.05.2004, desde que o beneficiário apresente os documentos comprobatórios da venda a prazo da safra.
(2) O vencimento pode ser alongado até 30.09.2004, nas mesmas condições do item anterior.
Parágrafo único. Podem ser estabelecidas amortizações intermediárias, a critério da instituição financeira, sem prejuízo do alongamento dos prazos previstos para algodão em caroço e sementes.
Art. 2º Fica admitida:
I - a inclusão de catanha-do-pará entre os produtos amparados por operações de EGF formalizadas com beneficiadores, indústrias e cooperativas de produtores rurais, na forma do MCR 4-1-16;
II - a substituição da garantia constituída por caroço de algodão por farelo e óleo de algodão.
Art. 3º Encontram-se anexas as folhas necessárias à atualização do Manual de Crédito Rural (MCR).
Art. 4º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a promover os ajustes complementares que se fizerem necessários à implementação do disposto nesta resolução, por solicitação explícita e fundamentada do Ministério da Fazenda, a partir de proposta da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 6º Ficam revogados os arts. 2º e 3º, inciso II, da Resolução nº 2.711, de 30 de março de 2000, e as Resoluções nºs 2.649, de 22 de setembro de 1999, 2.741, de 28 de junho de 2000, 2.792, de 30 de novembro de 2000, e 2.825, de 29 de março de 2001.
ARMINIO FRAGA NETO
Presidente do Banco
TÍTULO: CRÉDITO RURAL
CAPÍTULO: Finalidades Especiais - 4
SEÇÃO: Empréstimos do Governo Federal (EGF) - 1
1 - Os Empréstimos do Governo Federal (EGF):
a) com opção de venda (EGF/COV): visam proporcionar ao beneficiário condições para a comercialização de seus produtos em época de preços mais favoráveis, facultando-lhe ainda vender à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o produto financiado;
b) sem opção de venda (EGF/SOV): visam proporcionar recursos financeiros ao beneficiário, de modo a lhe permitir o armazenamento e a conservação de seus produtos, para vendas futuras em melhores condições de mercado.
2 - O Banco Central do Brasil não tem ingerência em Aquisições do Governo Federal (AGF), competindo-lhe exclusivamente exercer atividades de regulamentação, fiscalização e controle relacionadas com EGF.
3 - Em decorrência do disposto no item anterior, cumpre ao Banco Central do Brasil, sem prejuízo de outras atribuições legais ou regulamentares:
a) estabelecer normas gerais aplicáveis aos EGF, de acordo com deliberações do Conselho Monetário Nacional ou em função de suas atribuições específicas;
b) articular-se com a Conab, com vistas ao acompanhamento e aperfeiçoamento da concessão e condução dos empréstimos pelas instituições financeiras.
4 - Cumpre à Conab:
a) elaborar e divulgar normas operacionais específicas, aplicáveis aos EGF;
b) exercer o controle dos estoques financiados, podendo vistoriá-los, a seu critério;
c) comunicar prontamente ao Banco Central do Brasil qualquer irregularidade de que tenha conhecimento, no que se refere a EGF;
d) nos limites de suas atribuições, determinar às instituições financeiras, sob aviso ao Banco Central do Brasil, os acertos e correções cabíveis na concessão ou condução dos empréstimos.
5 - Cumpre à instituição financeira:
a) formalizar os empréstimos e exercer o seu controle, inclusive no que se refere à fiscalização das garantias;
b) instituir sistema especial de contabilidade e controle estatístico dos empréstimos;
c) fornecer ao Banco Central do Brasil as informações que lhe forem solicitadas.
6 - O EGF classifica-se como crédito de comercialização.
7 - Os empréstimos podem ser concedidos a:
a) produtores rurais ou suas cooperativas;
b) outras categorias de pessoas físicas ou jurídicas, quando de interesse da Política de Garantia de Preços Mínimos, mediante autorização do Conselho Monetário Nacional.
8 - A concessão de financiamento para EGF/COV depende de autorização específica do Conselho Monetário Nacional.
9 - O montante de créditos de EGF ao amparo de recursos controlados, para cada tomador, não acumulativo, em cada safra e em todo o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), fica sujeito aos seguintes limites e critérios:
a) R$400.000,00 (quatrocentos mil Reais), quando destinados a algodão;
b) R$250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil Reais), quando destinados a milho;
c) R$200.000,00 (duzentos mil Reais), quando destinados a soja nas regiões Centro-Oeste e Norte, no Sul do Maranhão, no Sul do Piauí e na Bahia-Sul;
d) R$150.000,00 (cento e cinqüenta mil Reais), quando destinados a:
I - amendoim, arroz, feijão, mandioca, sorgo ou trigo;
II - soja, nas demais regiões;
e) R$60.000,00 (sessenta mil Reais), quando destinados a outras operações de EGF.
10 - O beneficiário pode obter financiamentos, ao amparo de recursos controlados, para mais de um produto, desde que:
a) respeitado o limite de cada produto;
b) o valor dos financiamentos não ultrapasse o limite fixado para o produto que representar o maior aporte financeiro.
11 - Os valores dos financiamentos de EGF de milho não são computados para fins do limite previsto na alínea b do item anterior.
12 - Admite-se a concessão de EGF de algodão em caroço a produtores rurais, com prazo de 90 (noventa) dias, prorrogável por mais 150 (cento e cinqüenta) dias, caso haja substituição do algodão em caroço por algodão em pluma.
13 - O EGF para derivados de uva concedido a produtores rurais fica condicionado à apresentação de contrato formalizado entre o produtor e uma cooperativa ou indústria para processamento da uva e armazenamento de seus derivados.
14 - O EGF, ao amparo de recursos controlados, destinado a produto classificado como semente fica limitado a 80% (oitenta por cento) da quantidade identificada no atestado de garantia ou certificado de semente, podendo a instituição financeira antecipar a realização do empréstimo, de acordo com a súmula técnica.
15 - Admite-se a concessão de EGF a cooperativa de produtores rurais, ao amparo de recursos controlados, para repasse mediante emissão de cédula totalizadora (cédula-mãe), com base em relação indicando os nomes dos cooperados beneficiários e respectivos números de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), desde que a instituição financeira adote os seguintes procedimentos:
a) exija da cooperativa cópia dos recibos emitidos pelos cooperados comprovando os respectivos repasses;
b) efetue normalmente os registros no sistema Registro Comum de Operações Rurais (Recor) de cada operação de repasse realizada com os cooperados citados na relação.
16 - A concessão de EGF, ao amparo de recursos controlados, a beneficiadores, indústrias e cooperativas de produtores rurais que beneficiem ou industrializem o produto, mediante comprovação da aquisição da matéria-prima diretamente de produtores ou suas cooperativas, por preço não inferior ao mínimo fixado, fica sujeito às seguintes condições:(*)
a) produtos beneficiados: algodão, alho, amendoim, arroz, aveia, canola, castanha de caju, castanha-do-pará, cera de carnaúba, cevada, girassol, guaraná, juta/malva, mamona, mandioca (derivados), milho, sisal, sorgo, trigo, triticale e uva;
b) limites de crédito: a critério das partes contratantes.
17 - Admite-se a concessão de EGF, ao amparo de Recursos Obrigatórios (MCR 6-2), para aquisição de algodão em pluma ou caroço de algodão por parte de indústrias que utilizam este produto como matéria-prima, observado que:(*)
a) o produto deve ser fornecido por usinas de beneficiamento e comprovadamente adquirido junto aos produtores ou suas cooperativas por valor igual ou superior ao preço mínimo (algodão em caroço) vigente à época da aquisição;
b) o limite do crédito deve ser definido entre as partes contratantes.
18 - Admite-se a transferência de titularidade/responsabilidade em operações de EGF de algodão, de produtores para indústrias beneficiadoras de algodão ou consumidoras de pluma, quando as respectivas partes resolverem negociar o produto vinculado.
19 - Admite-se a formalização de EGF ao amparo de recursos não controlados com produtores, cooperativas e demais beneficiários, inclusive avicultores e suinocultores, com limites livremente negociados entre financiado e financiador.
20 - Embora sejam de livre convenção entre as partes, as garantias do EGF devem incorporar o penhor dos produtos estocados.
21 - Os produtos vinculados a EGF, respeitado o prazo do empréstimo, podem ser substituídos por:
a) derivados desses bens;
b) títulos representativos da venda desses bens ou de seus derivados.
22 - No caso de EGF relativo a produtos vinculados a financiamento de custeio, os recursos liberados devem ser transferidos pelo agente financeiro à instituição financeira credora, até o valor necessário à liquidação do saldo devedor.
23 - O EGF/COV somente pode ser transformado em AGF por ocasião das amortizações ou liquidação previstas no instrumento de crédito, salvo expressa autorização em contrário, retransmitida pelo Banco Central do Brasil.
24 - Por ocasião da amortização do EGF, devem ser calculados e exigidos os juros referentes ao valor amortizado, contados desde a última capitalização.
25 - Constatada a falta de produto vinculado a operação de EGF, devem ser adotadas as seguintes providências:
a) armazém do próprio mutuário: desclassificar a operação do crédito rural, com elevação dos encargos financeiros, incidência do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e Valores Mobiliários (IOF) e registro da ocorrência no cadastro do tomador;
b) armazéns de terceiros, inclusive de cooperativas: desde que a operação tenha sido formalizada com observância à regulamentação em vigor, a instituição financeira disporá do prazo de 75 (setenta e cinco) dias para acionar judicialmente o armazenador como infiel depositário, mantendo o empréstimo em situação de normalidade.
26 - Caso não satisfeitas as condições previstas na alínea b do item anterior, a operação deve ser desclassificada do crédito rural.
27 - Em qualquer hipótese, a falta de produto implica cessação de pagamento de remuneração ao armazenador sobre o produto faltante.
28 - A instituição financeira deve exigir do proponente, no momento da formalização do crédito, declaração minuciosa, sob as penas da lei, a respeito do montante de crédito obtido em outras instituições ao amparo de recursos controlados do crédito rural.
29 - Aplicam-se aos EGF:
a) as normas gerais deste manual, que não conflitarem com as disposições especiais desta seção;
b) as normas elaboradas pela Conab, que não conflitarem com as disposições deste manual."